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O médico francês Didier Raoult apresentou resultados de um novo estudo sobre a ação da substância, que é um derivado da cloroquina [Foto: Correio Braziliense] |
FRANÇA - Um dos principais defensores do uso da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19, o médico francês Didier Raoult apresentou resultados de um novo estudo sobre a ação da substância, que é um derivado da cloroquina, no tratamento de infectados pelo novo coronavírus. Didier Raoult e sua equipe aumentaram a amostra de voluntários, um dos principais questionamentos recebidos em estudos anteriores, mas seguem criticados por outros procedimentos adotados no trabalho atual.Continua depois da publicidade
O resumo do novo trabalho informa ainda que a hidroxicloroquina “associada ao antibiótico azitromicina” e “administrada imediatamente após o diagnóstico é um tratamento seguro e eficaz contra a Covid-19”. O relatório foi apresentado ao presidente francês, Emmanuel Macron, que fez uma visita ao famoso especialista em doenças infecciosas na última quinta-feira. Até o fechamento desta edição, porém, não havia sido publicado por revistas científicas.
“Sem efeitos”
Após a divulgação dos dados,
cientistas elogiaram o tamanho da amostra, mas afirmaram que a metodologia não
permite concluir que o tratamento evita o agravamento dos sintomas, a
persistência do vírus e o grau de contágio. “Infelizmente, na ausência de um grupo
comparativo (que receberia um placebo), é extremamente difícil saber se o
tratamento é ou não eficaz”, justifica Arnaud Fontanet, epidemiologista do
Instituto Pasteur e membro do Conselho Científico sobre a Covid-19 da França.
Para a também epidemiologista Catherine Hill, os dados obtidos não têm “efeito” no enfrentamento à doença. “Esses resultados são nulos e sem efeitos, não nos ensinam nada sobre a eficácia do tratamento”, lamenta. De acordo com a especialista, pelo menos 85% dos pacientes se curam espontaneamente da doença, sem a necessidade de serem submetidos a abordagens terapêuticas.
A Agência Francesa de Medicamentos, por sua vez, alertou que os efeitos cardíacos indesejáveis do tratamento com a hidroxicloroquina são um “sinal de vigilância significativo”. “Os pacientes são mais frágeis do ponto de vista cardiovascular e, portanto, mais suscetíveis do que outras pessoas a terem problemas com medicamentos prejudiciais ao coração”, justificou à agência France-Presse de notícias (AFP) Dominique Martin, diretor-geral da agência.
Fora dos laboratórios
Enquanto cientistas investigam e
debatem sobre a eficácia do medicamento, alguns países já o estão adotando em
pacientes infectados pelo novo coronavírus. No Senegal, por exemplo, a droga
foi prescrita para a metade dos hospitalizados.
No Brasil, a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso
hospitalar em casos graves. Estados Unidos e França autorizam a prescrição para
casos específicos e sob vigilância hospitalar.
Hospitais da Suécia, por outro lado, interromperam o tratamento com o
remédio devido aos efeitos adversos detectados, principalmente arritmias e
paradas cardíacas.
A hidroxicloroquina é um derivado da cloroquina — desenvolvida para o tratamento da malária na década de 1940 — geralmente mais tolerado pelos pacientes e usado contra doenças inflamatórias das articulações. Entre os efeitos colaterais estão vômito, erupções cutâneas, mas também complicações oftalmológicas, cardíacas e neurológicas.
Da Redação
Divulgada inicialmente pelo Correio Braziliense
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