Deputado da PB é denunciado por organização criminosa e corrupção passiva


A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou neste sábado (21) o deputado federal Wilson Santiago (PTB-PB) e outras seis pessoas pelos crimes de corrupção passiva e organização criminosa. Entre os denunciados, está o prefeito de Uiraúna (PB), João Bosco Nonato Fernandes (PSDB).

O grupo é acusado de desviar recursos destinados à construção da adutora Capivara no sertão paraibano.

Mais cedo, neste sábado, a Polícia Federal deflagrou a operação Pés de Barro, que investiga desvio de recursos dessa obra. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão, um deles no gabinete do deputado Wilson Santiago, na Câmara dos Deputados, em Brasília.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, que autorizou as buscas, também determinou o afastamento de Santiago do mandato.

A defesa de Santiago diz que a operação teve como base informações de um delator que buscou se favorecer e criminalizar o trabalho do deputado. A assessoria de João Bosco Nonato Fernandes afirma que a defesa do prefeito vai provar sua inocência, mas só vai se pronunciar depois de acessar toda a investigação.

Segundo o Ministério Público, investigações revelaram que, entre outubro de 2018 e novembro de 2019, a empresa responsável pela construção da adutora, a Coenco Construções, recebeu R$ 14,7 milhões de dinheiro público e repassou, como propina, R$ 1,2 milhão a Wilson Santiago e R$ 633 mil a João Bosco Fernandes.

Em imagens coletadas pela Polícia Federal, o prefeito João Bosco Nonato Fernandes aparece escondendo propina dentro da cueca.

Licitação direcionada
Em julho de 2017, segundo a PGR, Wilson Santiago propôs a João Bosco e a um empresário o direcionamento da licitação da obra. A construção da adutora, segundo as investigações, foi licitada pelo município e paga com recursos federais.

Pelo acordo, conforme o MP, 15% de todo o investimento seria devolvido aos políticos, sendo 10% para Wilson Santiago e 5% para João Bosco.

Segundo a PGR, o contrato para a realização da obra foi assinado em abril de 2018 e, a partir dessa data, o deputado federal entrou em contato outras pessoas para poder viabilizar o repasse de propina.

A essas pessoas, de acordo com o Ministério Público, coube a coordenação das atividades da organização criminosa, o recolhimento da propina e o transporte de valores. Como contrapartida, participantes do esquema foram, segundo a PGR, nomeados em fevereiro deste ano no gabinete do deputado Wilson Santiago.

A PGR pede a condenação dos integrantes da organização criminosa e também a devolução de R$ 14,8 milhões.

"[Os integrantes do grupo], de comum acordo e em comunhão de vontades, passaram a integrar organização criminosa, associando-se de forma estruturalmente ordenada e mediante divisão de tarefas, com o objetivo de angariar vantagem patrimonial indevida", diz trecho da denúncia assinada pelo procurador José Bonifácio de Andrada.

Operação
Neste sábado, a Polícia Federal cumpriu quatro mandados de prisão preventiva, mas Wilson Santiago não era um dos alvos. A PF pediu a prisão do parlamentar, mas o ministro Celso de Mello negou.

Em nota, a defesa de Santiago afirmou que ele "recebe com respeito e acatamento a decisão do ministro Celso de Mello" e que "está absolutamente tranquilo e demonstrará, em momento oportuno, a inexistência de qualquer relação com os fatos investigados".

Já o PTB, partido ao qual deputado é filiado, informou, também em nota, que "acompanhará o andamento das investigações" e que "espera que Wilson Santiago consiga provar sua inocência."

Além do deputado e do prefeito de Uiraúna, a operação tem outros alvos: três assessores, um funcionário e um empresário de Santiago.

No total, são 13 mandados de busca e apreensão, nas cidades de João Pessoa, São João do Rio do Peixe, Uiraúna (PB) e Brasília (DF).

Há ordens de afastamento das funções públicas para outros seis alvos da operação, além do deputado.

Da Redação
Com informação do G1

Comentários


Jota Sales, Romildo Nascimento, Gomes Silva, Lázaro Leyson e Morib Marcelo